Vamos falar de Transtorno bipolar?
- Gislaine Soares
- 1 de mar. de 2019
- 3 min de leitura
Muito se fala em transtorno bipolar... O termo tem sido usado em conversas informais... Escuto muito: "Fulano é bipolar", "acho que sou bipolar"... Porém, na grande maioria das vezes, é usado inadequadamente. Então, vamos entender o que é esse tal transtorno.
O transtorno bipolar é uma doença que apresenta como principal característica oscilações ou instabilidade de humor com uma alternância entre os pólos depressivo e o pólo eufórico, de agitação (hipomaníaco ou maníaco). Pode, também, se apresentar como uma mistura dos sintomas de ambas as polaridades, os chamados episódios mistos.
Vale dizer que o transtorno bipolar acomete de 1 a 4% da população de ambos os gêneros e a idade de início é, geralmente, entre o final da adolescência e o início da idade adulta, embora, também, possa ocorrer em crianças e idosos.
É um transtorno classificado basicamente em três grupos considerados, na atualidade, iguais em termos de gravidade. O transtorno bipolar do tipo 1 caracterizado por pelo menos um episódio maníaco que pode ter sido precedido ou seguido de episódios hipomaníacos ou depressivos. O transtorno bipolar tipo 2 definido por episódio de hipomania e depressão e a ciclotimia no qual acontecem alternância de sintomas hipomaníacos e sintomas depressivos.
Na fase depressiva, no mínimo cinco dos seguintes sintomas devem estar presentes durante o período de duas semanas ocasionando uma alteração no funcionamento normal da pessoa. Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda do interesse nas atividades ou prazer. Em crianças e adolescentes pode ser humor irritável, na maior parte do dia, quase todos os dias.
Os outros sintomas da depressão são:
- Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias sendo que, em crianças, observa-se a incapacidade de apresentar os ganhos de peso esperados para idade
- Insônia ou hipersonia quase todos os dias
- Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias
- Fadiga ou perda de energia quase todos os dias
- Sentimento de inutilidade
- Culpa excessiva ou inadequada quase todos os dias
- Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se
- Indecisão quase todos os dias
- Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida recorrente.
Já a fase de mania se caracteriza pelo humor eufórico e ou irritável, sentimento de grandiosidade e hiperatividade, redução da necessidade do serviço, pensamento acelerado e uma variedade de alterações de comportamento como desinibição, maior fala e aumento na impulsividade diferindo do comportamento habitual da pessoa.
O transtorno bipolar também é caracterizado por um elevado índice de comorbidades médicas e psiquiátricas.
As doenças médicas mais frequentes que coexistem com transtorno bipolar são enxaquecas, obesidade, diabetes tipo 2, hipotiroidismo, doenças cardiovasculares, doença pulmonar obstrutiva crônica, infecção pelo vírus da Hepatite C, infecção pelo vírus HIV.
Já as comorbidades psiquiátricas mais frequentes com transtorno bipolar são abuso e dependência de álcool e outras substâncias psicoativas, transtorno de ansiedade incluindo o transtorno de ansiedade social, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno do pânico, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtornos alimentares e transtornos de personalidade limítrofe borderline.
Quanto ao tratamento medicamentoso, esse é uma prioridade no controle do transtorno bipolar, pois, sem ele, a tendência é de piora, ou seja, aumento da frequência/repetições de episódios de depressão e ou de mania. Essa piora provoca maiores prejuízos no trabalho e na interação social da pessoa. Então, a adesão ao tratamento medicamentoso é de fundamental importância e alguns tipos de terapia associadas a esse ajudam bastante.
Quando uma pessoa com transtorno de humor faz o uso de substâncias como o de álcool excessivo ou de outras drogas é necessário o tratamento adequado para o abuso/dependência ao mesmo tempo em que não se pode negligenciar o tratamento para o transtorno de humor com qual ela convive.
O transtorno bipolar na infância e na adolescência, de início precoce, acarreta graves problemas no funcionamento global dos adolescentes e dos seus familiares, pois eles apresentam maiores dificuldades na escola e prejuízo nas relações com seus colegas e familiares, maior risco para abuso de substâncias psicoativas, problemas com regras/leis, aumento de comportamento suicida.
Além de todo um sofrimento e prejuízo que o transtorno bipolar traz a pessoa e seus familiares, lidar com os estigmas está entre os principais desafios dessas pessoas. O tratamento farmacológico e a psicoterapia são, então, fundamentais. Os familiares e amigos podem ajudar muito... Incentivar a existência e continuidade/ manutenção do tratamento; ajudar a identificar os fatores desencadeadores de novos episódios; dar apoio emocional; evitar atitudes de impaciência, hostilidade negatividade; saber ouvir; não desqualificar; estimular a pessoa adotar um estilo de vida saudável e mostrar a ela sua importância para a família.

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